domingo, 26 de maio de 2013

Itinerário

Tendo medo de morrer,
deixando de viver.
Tendo medo de arriscar,
perdendo momentos únicos
e experiências incríveis
que talvez se tornariam as melhores
lembranças da sua vida.  

Quando caiu da bicicleta,
mas nem montou.
Quando se declarou pr'aquela menina,
mas não abriu a boca.
Quando fez aquela viagem com os amigos,
mas não saiu da rodoviária. 
Quando tinha uma vida,
mas não viveu. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Terceiro sexo.

Não gostava de homem.
Também não gostava de mulher.
Acreditava que binarismo não funcionava
em contextos profundos.
Entre o branco e o preto,
existiam infinitas escalas de cinza.

Se encantava pelas visões de mundo,
contrastando as convicções e incertezas.
Pela inteligência e pelo sarcasmo,
como um quadro de sensibilidade
com traços leves de frieza.

Gostava da sinceridade diante do mistério,
pronto a ser decifrado, pedindo pra ser devorado.
Da graça e da fúria, ambos cheios de volúpia.
Se interessava pelo jeito como se leva a vida
e como se lida com a morte.

Apreciava o jeito de sorrir
e o jeito como ela se perdia num olhar.
O trejeito ao se importar ou menosprezar.
Julgava as pessoas pela aparência
de dentro.

"Vazio agudo. Ando meio cheio de tudo."

Ela anda cheia desses namoros imaturos. Dessa gente imatura. Que só causa problemas imaturos. Com dramas imaturos.
Imaturidade que vem desses amores, falsos amores, amores vazios.

Ser vazio é um problema.
Todo mundo sendo falsamente feliz, falsamente apaixonado, falsamente triste. Todos falsos.
Você não sente o real. Também não sente o irreal.
Poderia transbordar de emoção ou de imaginação. Mas não. É vazio.

São tantas frases vazias vindo de pessoas vazias com sentimentos vazios e pensamentos mais vazios ainda.
Parece que ninguém ama alguém de verdade por amar a pessoa.
Ama porque tá na moda.
Ama porque tá todo mundo amando.
Ama pra ser, "vaziamente", amado.
Ama pra ter o que fazer.
Ama porque não consegue ficar sozinho.
Ama?
Como é amar sem sentir amor? Me diz.


Melhor, não me diz não.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Discordei, meu bem.

Caro Jeff,

Sem essa de amar pela metade. De não saber se gosta ou se não gosta.
E querer me fazer de brinquedo. De consolo.
Jogar pra escanteio quando estiver sendo feliz sem mim.
E me colocar num pedestal quando estiver se sentindo sozinho.
Sim, eu tenho sentimentos e sim, acreditei nos seus.
E não, não vou cair no seu joguinho.

Em várias coisas da vida, usamos o ''meio termo'', mas nessa não.
Ou é 8 ou é 80.
Ou está ou não está.
E não estamos.



Ela tem uma blindagem, um colete de proteção: um sorriso.

As pessoas sempre a vêem sorrindo e perguntam: Você não fica triste não?
Ah, é que vida é engraçada, gente. - ela fala.

Mentira, não é não.
A vida é cruel, é triste, é uma vadia. Daquelas te chupam mal, te cobram o dobro e espalha pra todo mundo que você tem pau pequeno. Por aí.
Você nem tem o domínio sobre seu destino.
Quem manda no mundo são os poderosos do dinheiro, da política, dos segredos. Raras as vezes que a gente realmente decide alguma coisa.
Mas tem gente assim, que vai levando pelo amor, pela alegria, pela arte. Fingindo não se importar com maldade alguma. Se preocupando só em repassar o bem.
Gente assim, cheia de esperanças, sonhos e gentilezas. O mal que gera o bem. O belo que vem do feio.
Gente assim, que chora, fica desesperado, se sente sozinho e se apega no amanhã. Dias melhores virão.
Gente assim que não deixa transparecer nada de ruim, mas isso não quer dizer que não sinta. Os risos são apenas disfarces pro sofrimento. O mundo já tá fodido demais pra se espalhar mais rancor, raiva, ódio, tristezas.
Gente que sabe exatamente das coisas da vida, ou não. Mas que mal há em rir?
Ela é assim: vai levando pelos sorrisos.