Eu cansei de ser assim
Não posso mais levar
Se tudo é tão ruim
Por onde eu devo ir?
A vida vai seguir
Ninguém vai reparar
Aqui neste lugar
Eu acho que acabou
Mas vou cantar
Pra não cair
Fingindo ser alguém
Que vive assim de bem
Eu não sei por onde foi
Só resta eu me entregar
Cansei de procurar
O pouco que sobrou
Eu tinha algum amor
Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó
E a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia
Manda essa cavalaria
Que hoje a fé
Me abandonou
terça-feira, 26 de novembro de 2019
last night
meu órgão de morrer me predomina.
dormi com lágrimas nos olhos
que adiei por cansaço
pela necessidade de dormir.
me esqueci
acordei e
pouco tempo depois
solucei
chorei o rosto inchado
denuncia outro tipo de cansaço
eu só conseguia pensar
em como tudo de ruim
é tudo mais intenso e recorrente
em como tudo de bom
é tudo intermitente
e raro
eu só conseguia pensar
estou cansada de ser triste
estou cansada dessa vida
será qual alguma entidade pode me ouvir
será que tem poder para me levar?
será que não mereço?
será que ainda há algo por falar?
eu só não queria que essa vida fosse
tão triste.
eu só queria que meus problemas
pessoais fossem os únicos problemas.
amantes, desamores, amizades, inimizades
isso tudo é tão insignificante.
eu só não queria essa vida.
eu só não queria ser triste.
dormi com lágrimas nos olhos
que adiei por cansaço
pela necessidade de dormir.
me esqueci
acordei e
pouco tempo depois
solucei
chorei o rosto inchado
denuncia outro tipo de cansaço
eu só conseguia pensar
em como tudo de ruim
é tudo mais intenso e recorrente
em como tudo de bom
é tudo intermitente
e raro
eu só conseguia pensar
estou cansada de ser triste
estou cansada dessa vida
será qual alguma entidade pode me ouvir
será que tem poder para me levar?
será que não mereço?
será que ainda há algo por falar?
eu só não queria que essa vida fosse
tão triste.
eu só queria que meus problemas
pessoais fossem os únicos problemas.
amantes, desamores, amizades, inimizades
isso tudo é tão insignificante.
eu só não queria essa vida.
eu só não queria ser triste.
Gostaria de oferecer a algum deus:
Ano Comum
"Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos. Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas. Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram. Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantado de amor. Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos.
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que delem fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes.
Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais.
Uma vez que nem sei se tu existes. "
Joaquim Pessoa
"Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos. Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas. Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a outro pertenceram. Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantado de amor. Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos.
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu quero que delem fiquem a saber até as estrelas mais antigas e brilhantes.
Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais.
Uma vez que nem sei se tu existes. "
Joaquim Pessoa
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
Schopenhauer
"...Tenham mais honra no corpo e menos dinheiro nos bolsos e deixem os ignorantes sentirem sua inferioridade, em vez de fazer cortesias às suas carteiras."
em A arte de escrever
em A arte de escrever
sábado, 16 de novembro de 2019
Se
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!
Rudyard Kipling
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!
Rudyard Kipling
Selva de Pedra II
desapossado, não tem mais casa
um tamanduá surgiu na relva
fugindo da destruição da mata
indo em direção a selva de pedra
uma criança empurrando um carro de mão
de seis anos, talvez menos, talvez não
com dois sacos cheios de latinhas, se anima
no corre do cifrão, não existe idade mínima
um bêbado debilitado cambaleando
acompanhado de um cachorro mancando
mendigando afeto, um pouco de atenção
"uma ajuda por necessidade", estendem a mão
muitos famintos, tantos perdidos
achados da paixão neoliberal;
livres nas coberturas, fartura sem censura
quer seguridade social? vai pra cuba!
aqui a guerra é fria e queima
há festa, há corpos mortos pelo chão
a máscara da morte vermelha
vem caminhando na escuridão...
um tamanduá surgiu na relva
fugindo da destruição da mata
indo em direção a selva de pedra
uma criança empurrando um carro de mão
de seis anos, talvez menos, talvez não
com dois sacos cheios de latinhas, se anima
no corre do cifrão, não existe idade mínima
um bêbado debilitado cambaleando
acompanhado de um cachorro mancando
mendigando afeto, um pouco de atenção
"uma ajuda por necessidade", estendem a mão
muitos famintos, tantos perdidos
achados da paixão neoliberal;
livres nas coberturas, fartura sem censura
quer seguridade social? vai pra cuba!
aqui a guerra é fria e queima
há festa, há corpos mortos pelo chão
a máscara da morte vermelha
vem caminhando na escuridão...
sexta-feira, 8 de novembro de 2019
Satélite
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão-somente
Satélite.
Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.
+Manuel Bandeira
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão-somente
Satélite.
Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.
+Manuel Bandeira
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
Tudo por acaso - Lenine
Eu sei
tudo por acaso
tudo por atraso
mera distração
Eu sei
por impaciência
por obediência
pura intuição
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção
Ninguém vai
saber de nada
E eu sei
pelo sentimento
pelo envolvimento
pelo coração
Eu sei
pela madrugada
pela emboscada
pela contramão
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção
Ninguém vai
saber de nada
E eu sei
por qualquer poesia
por qualquer magia
por qualquer razão
E eu sei
tudo por acaso
tudo por atraso
mera diversão
mera diversão
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção
Ninguém vai
saber de nada
E eu sei!...
tudo por acaso
tudo por atraso
mera distração
Eu sei
por impaciência
por obediência
pura intuição
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção
Ninguém vai
saber de nada
E eu sei
pelo sentimento
pelo envolvimento
pelo coração
Eu sei
pela madrugada
pela emboscada
pela contramão
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção
Ninguém vai
saber de nada
E eu sei
por qualquer poesia
por qualquer magia
por qualquer razão
E eu sei
tudo por acaso
tudo por atraso
mera diversão
mera diversão
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção
Ninguém vai
saber de nada
E eu sei!...
Acerto de contas
quando a geração de meu pai
batia na minha
a minha achava que era normal
que a geração de cima
só podia educar a de baixo
batendo
quando a minha geração batia na de vocês
ainda não sabia que estava errado
mas a geração de vocês já sabia
e cresceu odiando a geração de cima
aí chegou esta hora
em que todas as gerações já sabem de tudo
e é péssimo
ter pertencido à geração do meio
tendo errado quando apanhou da de cima
e errado quando bateu na de baixo
e sabendo que apesar de amaldiçoados
éramos todos inocentes.
Jorge Wanderlei
batia na minha
a minha achava que era normal
que a geração de cima
só podia educar a de baixo
batendo
quando a minha geração batia na de vocês
ainda não sabia que estava errado
mas a geração de vocês já sabia
e cresceu odiando a geração de cima
aí chegou esta hora
em que todas as gerações já sabem de tudo
e é péssimo
ter pertencido à geração do meio
tendo errado quando apanhou da de cima
e errado quando bateu na de baixo
e sabendo que apesar de amaldiçoados
éramos todos inocentes.
Jorge Wanderlei
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