um tamanduá surgiu na relva
fugindo da destruição da mata
indo em direção a selva de pedra
uma criança empurrando um carro de mão
de seis anos, talvez menos, talvez não
com dois sacos cheios de latinhas, se anima
no corre do cifrão, não existe idade mínima
um bêbado debilitado cambaleando
acompanhado de um cachorro mancando
mendigando afeto, um pouco de atenção
"uma ajuda por necessidade", estendem a mão
muitos famintos, tantos perdidos
achados da paixão neoliberal;
livres nas coberturas, fartura sem censura
quer seguridade social? vai pra cuba!
aqui a guerra é fria e queima
há festa, há corpos mortos pelo chão
a máscara da morte vermelha
vem caminhando na escuridão...