quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Guerra aos senhores


Desatino destinado à escravização
Alienação que aponta pro caminho mais fácil
A sede de poder é o que os tornou culpados

E assim,
Um outro sistema é imposto
se alimentando da sua fraqueza e do seu desgosto
nessa vida controlada, tendo vontades castradas
não conseguindo suprir mínimas necessidades básicas

E assim,
Uma outra milícia se forma
Fica mais forte o cheiro de gente morta
colarinho branco monta o esquema sem sujar as mãos
dono da boca compra o esquema sujando os irmãos
a polícia já tá no esquema, sujou pra população

E agora que o menor caiu no esquema é sem perdão:
em três dias, três jovens assassinados
eram brigas entre raios, sacrifício de gado,
o sangue que suja o morro, foi planejado no Planalto

Mas nós inertes, acomodados
com a bunda no sofá, em frente ao celular
 ou vendendo na televisão
permitimos o mal se propagar onde deveria haver união
sobra criminalidade quando falta educação e inclusão

Enquanto isso, os malfeitores
Governantes que desgovernam
Reguladores que desregulam
senhores das nossas angústias
assistem das suas coberturas
os pobres tendo suas mortes prematuras

Numa disputa que tem por finalidade
acentuar ainda mais as desigualdades
eles, de helicóptero e avião da FAB nas alturas
e nós, nas ruas, sangrando em calamidade.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

sobre problematizações desnecessárias:

 Burrice muita é besteira pouca
me ofende em nada, relevo;
me elevo em tudo.

Daqui de cima, vejo lá embaixo o circo pegar fogo
Daqui de cima, minha cara se dissipa em fumaça
Quem não é livre jamais entenderá de liberdade.

Me ofender com besteira pouca?
Oxe, é burrice muita!
Tolero quase tudo, o que não for quase, desprezo.

Quem quer liberdade tem que deixar ser livre
se sentir livre e deixar pra lá.
Tanto muro a ser posto abaixo,
tanta ideia a ser seguida acima,

vou me envolver com burrice muita e besteira pouca?
Eu não.
Vou me desenvolver,
isso sim.
E qualquer problema que você tiver com isso é seu e só.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

E assim fui.

e aqui vou, entretida em mim mesma e no céu
me perguntando como dentro pode ser tão infinito quanto fora
como dentro é tão desconhecido e decisivo
e como fora é tão decisivo e desconhecido
sei o que penso mas me desconheço
como funciona os sentimentos?
como surgiram as primeiras convicções?
sei onde vivo mas o desconheço
como sentir o que não se pode medir?
como descobrir o caótico equilíbrio cósmico?

e aqui estou, caminhando
enquanto um cachorro esquelético passa frio
cabeça baixa, o olhar brilhante ofuscado pelo desprezo humano
me perguntando: por que assim
abandonado por dentro e por fora?
não difere da situação de muitos homens por aí
necessitados, isolados, invisíveis
em sociedades aglomeradas, insensíveis
eu pergunto: por quem assim?
alguém através da história quis assim
que outros alguéns no decorrer da história ficassem assim:
sistematizados

e aqui sou, uma praia num planeta de milhões de eras
tão bonita quanto a rotação da terra
sendo assassinada pela humana hostilidade
tão cruel como a gravidade
uns rapazes jogando bola
uns coqueiros enfeitando o horizonte
crianças cavando um buraco tão fundo que vai até a china
observar padrões, inventar histórias, minha sina
um amigo doente que não apareceu
e um céu nublado que me entorpeceu.