domingo, 14 de fevereiro de 2021

em Revista Gueto

E as rosas mínimas almas?
E os espinhos mínimas prisões?
Cada jardim é um mundo
Guardado por metáforas
Chuviscado de poesia
E ainda há os que dizem
Que a vida é fria

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Madrugada esfoliada
Acossada por cenas intensas
A espiar da janela
A cena molhada:
As rosas fazendo sexo
— despudoradamente —
Diante dos lírios da paz


| Bárbara Lia #breves


19 de novembro de 1957

Caro Monsieur Germain,


Deixei que passasse um pouco o movimento que me envolveu todos esses dias antes de vir-lhe falar-lhe de coração aberto. Acaba de me ser feita uma grande honra que não busquei, nem solicitei. Mas quando eu soube da novidade, meu primeiro pensamento, depois de minha mãe, foi para você. Sem você, sem essa mão afetuosa que você estendeu ao menino pobre que eu era, sem seu ensino, sem seu exemplo, nada disso teria acontecido. Eu não faço questão dessa espécie de honra. Mas essa é ao menos uma ocasião para dizer-lhe o que você foi e é sempre para mim, e para assegurar-lhe que os seus esforços, o seu trabalho e o coração generoso que você coloca em tudo que faz, sempre de maneira viva com relação a um de seus pequenos discípulos que, não obstante a idade, não cessou jamais de ser seu aluno reconhecido. Eu o abraço com todas as minhas forças.


Albert Camus