Aos dezesseis anos
um dos meus melhores amigos do colégio
deu um tiro na cabeça
por causa de uma decepção amorosa.
Aos trinta e nove
o meu professor de literatura mais admirado
morreu de hipotermia num rio,
para salvar seu cão que estava a afogar-se
sob uma enganadora capa de gelo.
Aos quarenta e quatro
um poeta norte-americano que acabava
de conhecer desapareceu pra sempre
numa remota ilha ao sul do Japão
para ver de perto a boca de um vulcão.
Muitos dirão com sangue frio
que a impaciência do primeiro,
a extrema confiança do segundo
ou a ação imprudente do terceiro,
foram a causa determinante
como se sua explicação pudesse alterar
os resultados.
Ao longo da vida
vamos acumulando mortes
e começamos a pensar sem querer
em qual delas será a nossa,
se será por amor, Sergio, por lealdade,
Eduardo, ou por valentia,
Craig.
-Ramón Cote