quinta-feira, 15 de outubro de 2020

As mortes

 Aos dezesseis anos

um dos meus melhores amigos do colégio

deu um tiro na cabeça

por causa de uma decepção amorosa.


Aos trinta e nove

o meu professor de literatura mais admirado

morreu de hipotermia num rio,

para salvar seu cão que estava a  afogar-se

sob uma enganadora capa de gelo.


Aos quarenta e quatro

um poeta norte-americano que acabava

de conhecer desapareceu pra sempre

numa remota ilha ao sul do Japão

para ver de perto a boca de um vulcão.


Muitos dirão com sangue frio

que a impaciência do primeiro,

a extrema confiança do segundo

ou a ação imprudente do terceiro,

foram a causa determinante

como se sua explicação pudesse alterar

os resultados.


Ao longo da vida

vamos acumulando mortes

e começamos a pensar sem querer

em qual delas será a nossa,

se será por amor, Sergio, por lealdade,

Eduardo, ou por valentia,

Craig.


-Ramón Cote

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

aquelas 3 perguntas para não esquecer de me amar mais.

Eu mereço isso?

Eu preciso disso?

É justo comigo?