terça-feira, 31 de outubro de 2017

Inteligência emocional por Pedro Calabrez

Você não pode controlar suas emoções, pelo menos não diretamente. Controlar as emoções na raiz é impossível, nosso cérebro não tem essa capacidade. O que pode ser feito é controlar certos comportamentos e esses comportamentos vão fazer com que haja uma alteração emocional.

Inteligência emocional é você ser capaz, em primeiro lugar, de entender seus processos emocionais; as pessoas tem perfis emocionais diferentes, é necessário entender como as emoções ocorrem dentro de nós e dentro das outras pessoas. Em segundo lugar, é haver a compreensão das melhores formas de agir mediante esse primeiro entendimento: "Agora que eu entendo como as emoções funcionam, como é que eu faço pra agir melhor?''


[p/ Estúdio FUNDAP - 2015]

"O verbo nem sempre se materializa"

Disseram-me: a amo.
"Te quero tanto, acalanto..."

Caçoaram-me: a odeio. 
Assim, sem rodeios nem receio.

No fim, decretei a mim:
Tome tento, é só tormento. 
Palavras se vão com o vento...

domingo, 29 de outubro de 2017

ACREDITE, ACREDITE - Bob Kaufman

Acredite nisto. Sementinhas de maçã,
No azul do céu, irradiando peito jovem,
Não em insetos de terno azul
Que infestam vestes da sociedade.

Acredite nos sons do balanço do jazz,
Rasgando a noite em tiras intrincadas
E novamente reunindo tudo
Em padrões lógicos bacanas,
Não nos controladores doentios
Que criaram apenas a Bomba.

Deixe as vozes dos poetas mortos
Tocarem alto em teus ouvidos
Mais do que os guinchos vozeados
Em editoriais mofados.
Escute a música dos séculos
Crescendo sobre o tempo em cogumelo

Mario Quintana

Mas afinal, meu velho, por que nunca pensaste em casamento?
- Prefiro a solidão propriamente dita.

Paixão

Ele não gosta
Dos muito apaixonados
Que seguem hipnotizados
Por livre querer.
Ela gosta
De quem não sabe se conter.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

António Ramos Rosa, in “Viagem Através de uma Nebulosa”

Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.


quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Mastigue - Posada

Viver
Viver em desconfiança
Dois pesos e duas medidas
Pra tudo que tem importância

Cortar
Ferir com os passos da dança
Magoar o mau amigo
Arrancar do destino a trama

Se a felicidade não é algo
Que se possa sonhar
É melhor esquecer e partir pra outra

Se a felicidade não é algo
Que se possa tocar
É melhor esquecer e partir pra outra

domingo, 22 de outubro de 2017

Albert Einstein

arte por Banksy
"O importante
é não deixar
de questionar;
a curiosidade tem
sua própria razão
de existir. "

domingo, 15 de outubro de 2017

Elegia 1938 (Carlos Drummond de Andrade)

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.

No ônibus

Assisto a natureza pelo vidro da janela,
Espectro visível furta-cor.
Vejo a vida em sua forma mais bela,
Receptores enfeitam minha passagem incolor.

O aroma doce da ilusão, na ida
Guiou meu caminho para ir de encontro ao teu.
O gosto amargo da verdade, na vinda
Me prova que segui-lo foi engano meu.

Pela cidade, hostilidade fértil
Para cada dor, um projétil de calibre incerto
No interior, serenidade fecundo
O que tenho eu a oferecer ao mundo?

O mal não é uma pessoa
Ou um sistema político-econômico
O mal ressoa, denominador comum,
indômito, dentro de cada um.

Passeio através das percepções
Privações me moldam, sem me restringir
Devaneio com minhas apreensões
Libertações me prendem como uma missão a seguir.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Florbela Espanca - Correspondência

O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se não sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

em "História do Pensamento Econômico" p.14

 O ensaísta francês Michel de Montaigne escreveu, em 1580: "O lucro de um homem
é a desgraça do outro... Nenhum lucro, qualquer que seja, pode ser alcançado, a não ser à
custa do outro."

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Fernando Pessoa em 'Cancioneiro'

Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.

A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.

Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.