domingo, 15 de outubro de 2017

No ônibus

Assisto a natureza pelo vidro da janela,
Espectro visível furta-cor.
Vejo a vida em sua forma mais bela,
Receptores enfeitam minha passagem incolor.

O aroma doce da ilusão, na ida
Guiou meu caminho para ir de encontro ao teu.
O gosto amargo da verdade, na vinda
Me prova que segui-lo foi engano meu.

Pela cidade, hostilidade fértil
Para cada dor, um projétil de calibre incerto
No interior, serenidade fecundo
O que tenho eu a oferecer ao mundo?

O mal não é uma pessoa
Ou um sistema político-econômico
O mal ressoa, denominador comum,
indômito, dentro de cada um.

Passeio através das percepções
Privações me moldam, sem me restringir
Devaneio com minhas apreensões
Libertações me prendem como uma missão a seguir.