domingo, 28 de abril de 2013

Nem deus é por nós.

- Porque é muito fácil ter ideologias e princípios, falar da igualdade, da liberdade e dos direitos humanos politicamente corretos, quando se tem uma vida no mínimo confortável. Você não passa pelo que a gente passa, quando se está na merda ninguém fica do seu lado.
Enquanto você está aí vacinado e de banho tomado, nós estamos sozinhos, desamparados e esquecidos. Qual é o princípio disso? Já nascemos amaldiçoados?
Sabe, não tiro a razão desses meninos que acabam se metendo em atividades ilícitas, é o que a vida deu pra eles. Não tiveram boas oportunidades, muito pelo contrário, muitas portas foram fechadas e as necessidades básicas do ser humano lhes foram negadas. A educação e a saúde, por exemplo. O amor lhes foi tirado.
Quando se tem muito pouco ou quase nada, a prioridade é lutar pra sobreviver. Tudo nos é negado, não vivemos.  Idealizar uma causa, idealizar o mundo perfeito, idealizar a si mesmo e se encher de orgulho de ideias utópicas é a sua ocupação.
Não que eu seja contra o seu discurso nem é o caso de estar acomodado, pode acreditar: não somos acomodados com a miséria nem com o sofrimento. Não me leve a mal, mas nossas realidades são diferentes. É o nosso inferno, passando os dias à margem da sociedade, jogados pra debaixo do tapete. E esse seu paraíso, cá entre nós, é pura imaginação. Sonhar é essencial pra vida, eu sei, também imagino como as coisas seriam se tudo isso aí que você diz fosse um dia real. A gente tem que crer em alguma coisa pra não morrer de desgosto. Mas sonho, meu pobre amigo, não enche barriga.

sábado, 13 de abril de 2013

Deixa rolar, baby.

A morte é o impulso pra vida.
Não é uma opção.
Não é boa nem ruim, vai muito além disso.
Além: sentimentos, vontades, saudades, medos, escolhas, sacrifícios.
O fim está sempre perto,



Ela sabe que as pessoas ao seu redor vão morrer e teme.
Porque ela não sabe como é ter e perder alguém. Não é como viajar, ir morar do outro lado do mundo, tendo a possibilidade de se encontrar um dia, não é assim. Nunca mais você a verá, nunca mais irá contar suas besteiras, suas descobertas. Nunca mais vai brigar e abraçar. Nunca mais vai xingar e no momento seguinte dizer que ama. Nunca mais vai rir ou chorar junto. Junto; nunca mais. Nunca mais não é questão de tempo, é uma questão de sentir. É um sentimento tão pesado, tão grande e às vezes tão incômodo que não cabe nela nem em lugar nenhum. Não dá pra aguentar nem física nem psicologicamente. Ela simplesmente não sabe como lidar com isso. E tem muito medo. O que vai fazer depois? Ela não tem a mínima ideia.

Ela sabe que vai morrer e não teme.
Ela sabe também que é daí que vem o desejo de fazer algo marcante, satisfazer um desejo, realizar um sonho. Se fosse viver pra sempre, viveria adiando seus feitos (mais que o normal). Viver de diversões, trabalhos, encontros adiados é dizer: "- Ah, deixa a vida pra lá." E, felizmente, ela  sabe que só temos essa vida pra viver (até que se prove o contrário) e assim que nascemos começamos a morrer. Não podemos nos dar ao luxo de adiar a vida. E o que virá depois? Bem, ela não liga.



[...]
Só resta aceitar. Ou não.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Smartphone tem gosto de quê?


- Eu trabalho pra me sustentar, saúde não tenho, educação tá em falta, comida tá difícil, mas a eu vi na tv que o que preciso mesmo é daquele tal de iphone que tá na moda. E, bem, se ela disse deve ser importante mesmo; não sei pra quê, mas tá todo mundo comprando, menina. Moro numa ruazinha que nem calçada tem. Minha casa fica num local de risco, assim disseram os bombeiros, quando chove é de dá medo... Já pensou se alaga tudo e leva minha televisão de plasma ultra mega moderna (que tô pagando em 36 vezes sem juros no cartão) na correnteza?

O preço do tomate subiu. O da banana também. Farinha agora é 8 reais. "Foi-se o tempo que pirão era comida de pobre". Em contrapartida, o preço do smartphone caiu. E esses outros aparelhos eletrônicos estão com desconto.

Não é porque as propagandas dizem que é "essencial" para a vida no séc 21, que eu tenho que comprar esse Ipad. Sabe, eu não preciso ficar cheia de dívidas porque alguém disse que é importante ter o carro do ano ou o celular do ano ou a televisão do ano. Enquanto nosso prato de comida fica cada vez mais pobre, os bolsos ''deles'' ficam cada vez mais pesados. Só porque você não quer se sentir ultrapassado e fora de moda.
Porra, que tecnologia é essa que só nos faz retroceder? Sabe, a fome não é moda, a pobreza também não. O verdadeiro produto é você, que se deixa levar por um anúncio qualquer, e é explorado, extorquido e assassinado. Você que aceita as condições que ''eles'' impõem e se mantém calado se divertindo com o novo brinquedinho. Você que reclama mas não tira a bunda do sofá nem os olhos da tv. Agora me diga, quando a grana não der pra ter uma casa ou ir ao médico, quando o dinheiro faltar pra comida, pra fazer a feira, você vai comer celular?

terça-feira, 2 de abril de 2013

Preciso de açúcar.

Essa minha mania de boba de me apaixonar por um olhar, por um abraço debaixo da chuva.
Essa minha mania boba de achar que você se apaixonou por um elogio, por uma conversa qualquer.
Essa mania de te despir mentalmente enquanto tenta me convencer que as fatalidades do mundo são necessárias.
Essa mania de achar graça no que não concordo. E quase gozar com isso. Só com você.
É, essa mania boba de te devorar com olhos e ao mesmo tempo fugir dos seus. Famintos e diretos.
Essa mania boba de me preocupar sem nem mesmo te conhecer.



Você não pode com isso.
E eu? Ainda vou morrer de amor.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Essa noite vai dormir feliz.

 Os filhos dele que pouco se importavam quanto a sua existência. A mãe, coitada, já velhinha, não aguentava mais aquele filho beberrão. Só gritava, por nada e com todos ao redor e serventia nenhuma tinha no mundo. Claro que nada disso é motivo para se assassinar alguém. O motivo ou os motivos só ela sabia e não falara com ninguém. Pra quê? Nenhuma pobre alma dessa terra entenderia seu melancólico lado psicopata.

Ela queria paz, todo aquele estresse de sua jovem vida, os xingamentos, os gritos, a exploração. Ninguém havia ficado do seu lado em momento algum. Então ela guardou dentro de si, por todos aqueles anos. Aquilo deixava sua mente moída. Passava pelas suas veias como um veneno que arde, que queima, que suga qualquer coisa de belo. Família de sangue não significava muita coisa. E nada foi em vão. Podia chorar, podia gritar, podia brigar. Mas não. Ela o matou. Fria e calculista. De 30 maneiras diferentes, talvez mais até. Não sentiu dó. Não sentiu pena em nenhuma das 30 vezes. Na verdade, quanto mais fazia, mais queria. Planejou todos os seus passos. E nada deu errado.

O dopou e o amarrou na cama, esperou acordar e rindo da cara dele, enfiou a enorme faca no peito, na barriga, no único rim que lhe restara e em todo o resto. Girava a faca bem devagarinho, ele contorcia de dor e gemia e ela gozava daquilo, era extasiante. Cortou a língua dele que tanto tirava a sua paz. Riu. Riu muito. E gritou todas as verdades na cara dele.
era um inútil repugnante afinal. HAHAHA-
e enfim uma facada no olho, atravessando seu crânio. O golpe final.

Na verdade, já tinha o matado antes, envenenando sua comida. E com algumas gotas em seu café daquele remédio pra subir a pressão. mas ele já tinha pressão alta. Outra vez, entrou em sua casa, dando uma surra e o matado a pauladas; e a tiros à queima roupa. Já tinha o esquartejado e dado pra porcos e urubus comerem. - Pobres animais.-
 Já o atropelou, passou por cima da cabeça 5 vezes - Só pra garantir -
Fervera água, mal conseguia segurar os vasos, mesmo com as luvas, de tão quentes que estavam, e jogou em seu corpo totalmente despido. Dava pra ouvir os gritos a quarteirões de distância. Aquilo tudo era muito divertido pra ela.

E todas as outras maneiras também. Divertidíssimas. Não foram poucas. Merecia mais.
- Aqui jaz. HAHAHAHA -

E no meio dessa euforia de sangue jorrando, de verdades sendo ditas, de órgãos arrancados, de dentes quebrados, de ossos expostos, ela só não entendia uma coisa: Por que toda vez que ela voltava pra casa, ele continuava ali, atormentando sua vida?