domingo, 15 de setembro de 2013

Porque sou a favor do aborto

Acende a vida e inicia o grande drama, apressado e sem ensaio. 
E quem não vai torcer pro coração bater? Dá-lhe viver! ♪

Seu futuro já fora determinado.
Ela não terá. Ela não terá almoços de domingo com a família nem finais de semana na praia. Não vai chorar no primeiro dia de aula nem quando se ralar ao cair da bicicleta. Não vai ficar com ''janelinha'' quando os dentes de leite caírem. Não vai brincar de boneca. Não vai brigar com os irmãos pelo controle da televisão. Não vai ter o carinho da mãe nem a proteção do pai.
Ela terá. Ela terá onde morar, ali debaixo do viaduto e mais tarde num abrigo pra crianças. Ela vai ter o que comer depois que mendigar e às vezes furtar do mercadinho da esquina. Nas noites frias terá, sim, papelão pra se esquentar. Ela vai estar rodeada por pessoas o tempo todo, a tratando com preconceito e desprezo. Encontrará algum "afeto" com aqueles que lhe oferecem alguns trocados em buscar de prazer sexual.
Ela não vai saber que é uma estatística, uma injustiça, uma crueldade. Nem saber porque foi indesejada. Não entende sobre amor, sobre conforto, sobre família. Entende sobre abandono, sobre exploração, sobre fome. Às vezes brinca de super-herói e seu poder é ser invisível. Simplesmente porque ninguém a enxerga. Nem governo, nem lei, nem igreja, nem ninguém. Ela chora todo dia. Um choro baixo, quase que tímido. Queria poder reclamar... mas com que direito? E pra quem? Reclamar que não teve a atenção da mãe nem a paciência do pai mas... quem são eles mesmo?
Ela poderia listar tudo o que sofreu e a tudo que sobreviveu. Acorda todo dia esperando dormir pra sempre. Dorme sonhando com que tudo isso fosse apenas um pesadelo. Seu pior pecado é ter nascido.

domingo, 8 de setembro de 2013

Um ser plural

• Palavras que pertencem ao ser plural •
Entusiasmo, inspiração, experiência, maturidade,
conhecimento, sedução, atração, cumplicidade.


Nos encontramos mais uma vez e nesse momento eu não sabia exatamente o porquê de ter voltado ali nem o porquê de você me querer de novo ali. Mas senti uma certa empolgação com  não sei bem o quê. Não tinha sido amor à primeira vista, mas de certa maneira eu me reconheci em você. Talvez você fosse o que eu queria ser, o que eu tinha medo de tentar e preguiça de fazer. E então, mais uma vez eu estava ali curiosa pra ouvir suas histórias. Descobrir o que você descobriu, ver o que você viu, ouvir o que você ouviu, ir aonde você foi, viver o que você viveu, sentir o que você sentiu e ser tudo aquilo que você foi. Te ouvir era... inspirador.

Você não se importava com a ordem cronológica dos acontecimentos, isso me deixava um pouco perdida. Mas até aí, eu me senti seduzida tentando buscar sentido no que você falava. Você explicava aos poucos, eu entendia aos poucos, fui te conhecendo aos poucos e foi assim que você me encantou: aos poucos.
E foi assim que eu te conheci, reconheci e me apaixonei.

Minha mente foi atraída pela sua, meu corpo foi atraído pelo seu e nessa hora o que eu mais quis foi te tocar, te pegar, te sentir. Uma música rolando ao fundo e estávamos rolando na cama, sutilmente dançando. Os gestos dançantes e provocantes das nossas mãos, das nossas pernas, das nossas bocas. E aí, estivemos calados por meia hora ou mais, porém nossos corpos contavam histórias um para o outro, faziam projetos, não queriam se separar. E nossos olhares silenciosamente diziam que nós queríamos aquilo, queríamos muito mais.

Todos nós necessitamos alguma vez de um cúmplice, alguém que nos ajude a usar o coração. Talvez você seja esse alguém. Nos entendemos no barulho e no silêncio. E eu quero te entregar meu coração. O corpo e a mente em sintonia. A energia gêmea dos nossos espíritos. Com você eu me sinto a vontade, às vezes não tão abertamente assim por conta de feridas do passado, mas entusiasmada pra me encontrar e me perder em você.  Seja meu presente.

Fica comigo e me faz feliz.