quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Mas não hoje

Apanhei da saudade a semana inteira.
Ontem, bebi. Hoje, não pensei em nada,
só sei que não quero amar você.
Não quero sorrir ao te ver.
Não quero escutar o que você tem pra dizer,
nem ouvir a banda nova que você tem pra me mostrar.
Não quero rir, nem me preocupar.
Não tenho novidades, só sei que hoje
não quero amar você.

Amanhã? Bem,
- Amanhã é quem sabe um dia... 
fora isso, te quero pra toda vida.

sábado, 23 de novembro de 2013

Canábico horizonte


Em meio a transações, transições e confusões, o homem perde a visão. A ganância, as vaidades, o egoísmo o cegam. E quando eles olham, só enxergam seus próprios umbigos. Dominados pelos mais sentimentos mesquinhos, eles se tornam incapacitados. Incapazes de enxergar todos a sua volta, incapazes de oferecer uma ajuda ao próximo. Nem ao menos um sorriso. Incapazes de se solidarizar pelo outro, incapazes de sentir. Quanto mais penso na humanidade, menos quero pensar nela. 

Nesse momento, eu poderia pensar em todo esse mundo fodido. Em todas as angústias, em todos os suicídios, em todas as loucuras. Mas nesse momento, eu senti paz. Afinal, também existia a compaixão, ainda havia restos de humanidades em raras almas. Ainda existiam pessoas com quem se pode conversar, rir, planejar e plantar só o bem. E lugares tranquilos, belos. Lugares que se sente a harmonia no ar. Nesse momento, pra mim, estava alucinantemente nítido o que sobrou do céu. Todas as cores escondidas nas nuvens da rotina.

Aos meus amigos do Pico de Jah.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

"Decifra-me ou devoro-te"

Poderia ser o enigma da esfinge, mas não é.

Cientificamente falando, é bem mais simples. Algo como um conjunto de reações que desencadeiam no meu corpo quando vejo o seu.
Mentalmente, é sobre como isso intriga a minha mente. Sei muito de você mas não sei quase nada.
Eu posso ouvir seu silêncio a quilômetros de distância mas não consigo entendê-lo.
"Ele é vago, enigmático, reservado. Pode ser por cautela ou preservação, por algum medo ou receio. Pode ser tudo isso junto e pode não ser nada."
Pois é, cada um com seus mistérios e sua história.
E enfim, me sobram dúvidas e me faltam certezas.
Saber tudo, pode decepcionar.
Não saber nada além de pouco, é confuso.
Te descobrir aos poucos, é excitante.

Seu mistério me atrai.





segunda-feira, 21 de outubro de 2013

(re)começo

Cansada dos tropeços, das expectativas frustradas, da acomodação, da rotina, de se sentir só mesmo em companhia.  Sua cabeça estava cheia, seus pensamentos confusos, as pessoas iam e vinham, algumas ficavam, a maioria só passava. Não sabia o que fazer com o que decidira fazer da vida. Não era uma relevância na vida, não ia a lugar nenhum, não estava disposta, simplesmente existia. Não que ela quisesse, mas não sabia onde perdera sua inspiração.

Suplicou quase como uma oração:
- Me deixa em paz...

É, assim, sem exclamação.  Não era um fim. Não era uma ordem, era um pedido. Um pedido que não vinha do mesmo lugar que o desejo, nem do coração. Vinha da alma. E com reticências, esperando que alguém a completasse, não a frase, mas a si própria.  Era a deixa pra um começo. Ela queria um bom começo.

domingo, 15 de setembro de 2013

Porque sou a favor do aborto

Acende a vida e inicia o grande drama, apressado e sem ensaio. 
E quem não vai torcer pro coração bater? Dá-lhe viver! ♪

Seu futuro já fora determinado.
Ela não terá. Ela não terá almoços de domingo com a família nem finais de semana na praia. Não vai chorar no primeiro dia de aula nem quando se ralar ao cair da bicicleta. Não vai ficar com ''janelinha'' quando os dentes de leite caírem. Não vai brincar de boneca. Não vai brigar com os irmãos pelo controle da televisão. Não vai ter o carinho da mãe nem a proteção do pai.
Ela terá. Ela terá onde morar, ali debaixo do viaduto e mais tarde num abrigo pra crianças. Ela vai ter o que comer depois que mendigar e às vezes furtar do mercadinho da esquina. Nas noites frias terá, sim, papelão pra se esquentar. Ela vai estar rodeada por pessoas o tempo todo, a tratando com preconceito e desprezo. Encontrará algum "afeto" com aqueles que lhe oferecem alguns trocados em buscar de prazer sexual.
Ela não vai saber que é uma estatística, uma injustiça, uma crueldade. Nem saber porque foi indesejada. Não entende sobre amor, sobre conforto, sobre família. Entende sobre abandono, sobre exploração, sobre fome. Às vezes brinca de super-herói e seu poder é ser invisível. Simplesmente porque ninguém a enxerga. Nem governo, nem lei, nem igreja, nem ninguém. Ela chora todo dia. Um choro baixo, quase que tímido. Queria poder reclamar... mas com que direito? E pra quem? Reclamar que não teve a atenção da mãe nem a paciência do pai mas... quem são eles mesmo?
Ela poderia listar tudo o que sofreu e a tudo que sobreviveu. Acorda todo dia esperando dormir pra sempre. Dorme sonhando com que tudo isso fosse apenas um pesadelo. Seu pior pecado é ter nascido.

domingo, 8 de setembro de 2013

Um ser plural

• Palavras que pertencem ao ser plural •
Entusiasmo, inspiração, experiência, maturidade,
conhecimento, sedução, atração, cumplicidade.


Nos encontramos mais uma vez e nesse momento eu não sabia exatamente o porquê de ter voltado ali nem o porquê de você me querer de novo ali. Mas senti uma certa empolgação com  não sei bem o quê. Não tinha sido amor à primeira vista, mas de certa maneira eu me reconheci em você. Talvez você fosse o que eu queria ser, o que eu tinha medo de tentar e preguiça de fazer. E então, mais uma vez eu estava ali curiosa pra ouvir suas histórias. Descobrir o que você descobriu, ver o que você viu, ouvir o que você ouviu, ir aonde você foi, viver o que você viveu, sentir o que você sentiu e ser tudo aquilo que você foi. Te ouvir era... inspirador.

Você não se importava com a ordem cronológica dos acontecimentos, isso me deixava um pouco perdida. Mas até aí, eu me senti seduzida tentando buscar sentido no que você falava. Você explicava aos poucos, eu entendia aos poucos, fui te conhecendo aos poucos e foi assim que você me encantou: aos poucos.
E foi assim que eu te conheci, reconheci e me apaixonei.

Minha mente foi atraída pela sua, meu corpo foi atraído pelo seu e nessa hora o que eu mais quis foi te tocar, te pegar, te sentir. Uma música rolando ao fundo e estávamos rolando na cama, sutilmente dançando. Os gestos dançantes e provocantes das nossas mãos, das nossas pernas, das nossas bocas. E aí, estivemos calados por meia hora ou mais, porém nossos corpos contavam histórias um para o outro, faziam projetos, não queriam se separar. E nossos olhares silenciosamente diziam que nós queríamos aquilo, queríamos muito mais.

Todos nós necessitamos alguma vez de um cúmplice, alguém que nos ajude a usar o coração. Talvez você seja esse alguém. Nos entendemos no barulho e no silêncio. E eu quero te entregar meu coração. O corpo e a mente em sintonia. A energia gêmea dos nossos espíritos. Com você eu me sinto a vontade, às vezes não tão abertamente assim por conta de feridas do passado, mas entusiasmada pra me encontrar e me perder em você.  Seja meu presente.

Fica comigo e me faz feliz.


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Desejo de poeta

Meu ser poeta
queria saber escrever essas palavras difíceis
Ter essas sacadas inteligíveis
E fazer poemas incríveis

Inveja quem tem esse dom
De usar a escrita pra sabiamente definir
Inveja quem entra no tom
pra elegantemente seduzir

Atreve-se a escrever um poeminha bobo aqui e ali
Às vezes cria, reinventa
Frequentemente copia e se recria

O meu ser poeta não sabe rimar, coitado
Na escola, aprendeu o teorema de Pitágoras
Mas nada sabe de métricas e metáforas
Desse mundo de grandes poetas foi extraditado

De amor sabe muito, sente muito
É aí que ele se encontra
Não nos adjetivos trabalhosos, nem nos significados duvidosos
Mas no pensar, no aprender, no viver
No sentir e no ser.
Meu ser poeta quer ser poesia.

já vi mendigos demais com os olhos vidrados bebendo vinho barato debaixo da ponte

Você se senta comigo
no sofá
nesta noite
nova mulher.

Você já viu os
documentários
sobre animais carnívoros?

eles mostram a morte.

E agora me pergunto
que animal entre
nós dois
devorará
primeiro o outro
física e
por fim
espiritualmente?

Nós consumimos animais
e então um de nós
consome o outro,
meu amor.

Enquanto isso
prefiro que você vá
primeiro e do primeiro jeito

Se os gráficos de performance passadas
significarem alguma coisa
eu certamente irei
primeiro e do último
jeito.

{ Bukowski } 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sobre interesses

"Não sei que palavra usar pra me definir. Sempre admirei o vilão, o fora da lei, o filho da puta. Não gosto de garotos bem barbeados, com gravatas e bom empregos. Gosto de homens desesperados, homens com dentes rotos e mentes arruinadas e caminhos perdidos. São os que me interessam. Sempre cheios de surpresas e explosões. [...]
Estou mais interessado em pervertidos do que em santos. Posso relaxar com os imprestáveis, porque sou imprestável. Não gosto de leis, morais, religiões, regras. Não gosto de ser moldado pela sociedade. "


- Fragmento de Ao Sul de Lugar Nenhum  Charles Bukowski [Não li, pero no me falta gana]

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Tá na capa da revista:






Eu ouço rock mas não me visto de preto, eu namoro mas não estou em um "relacionamento sério" no facebook, eu como sushi mas não tiro fotos da minha comida, eu vou em muitas festas mas não posto fotos de 5 em 5 min na minha timeline, eu sou cidadã mas não fico escrevendo indiretas descartáveis pra partidos nem políticos. E me condenam. Me condenam como sou: porque sou e não pareço ser.

A imagem valendo mais que o conteúdo, nada anormal. Não sei se eu tô crescendo e vivendo as coisas como realmente são ou se as pessoas ficaram supérfluas com o passar dos anos. O fato é que "ser" já não tinha tanta importância como "ter" e hoje em dia nada disso vale perto do "parecer".

É a tendência do fingimento. Finjo-me de revolucionário só pra aparecer na tv, faço-me de apaixonado mas é só pra mostrar pros outros que tenho namorado. Tiro várias fotos em baladas e com muitos "amigos", lugares sem graça com pessoas vazias, mas o que tá valendo são os "likes" que vão dar. 
É, virou tendência, moda primavera-verão-outono-inverno, e até um valor moral, uma tradição fingir que sabe muito de alguma coisa, fingir que faz aquilo lá, fingir ser o que não é. Fingir.

Observo que muitas pessoas nem sabem que são "vítimas" do pop. Virou costume buscar uma imagem, essa imagem que dá a sensação de ser popular, uma pessoa admirável... uma falsa sensação. Porque não se admira o que não existe. (piadinhas ateias pra depois, entendedores entenderão)

Talvez fosse preciso abrir os olhos de alguns adeptos a essa "moda", criticá-los, ser irônico mas o argumento muito esclarecedor e super válido dessas pessoas seria: "isso tudo é recalque da zinimiga que não recebe like e não manja das potarias".

Talvez isso aqui seja um apelo de uma pessoa que quer muito ter esperança na humanidade mas só se decepciona. Porque é frustante ser curioso num mundo que se vive de aparências. - Nunca saberei o que é real e o que é falso. Frustante, eu sei. - Frustante mergulhar fundo na vida, nas pessoas e perceber que são todas rasas.

Bem vindo a sociedade das aparências, fique à vontade mas cuidado: o pop não poupa ninguém.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Achados não mais perdidos

Certa vez o destino,
esse acaso cheio de intenções,
brincava de esconde-esconde,
contou até dez e nos encontrou.
Quietinhos, cada um
em seu esconderijo
ele fez questão de nos unir.

Dissimulada, continuei
a me esconder do amor,
por receio ou pavor.
E de você,  por diversão
ou por simples distração.

Mas havia uma ligação,
essa vontade gêmea de ficar
e não ir embora, uma calmaria.
Esse bem que nos fizemos em par,
todas as afinidades, tanta cumplicidade,
a isso chamamos sintonia.

O tempo passou
Eu te descobri, você me descobriu
e de coração aberto, agora desperto,
fizemos a mesma descoberta:
juntos, dávamos certo;
separados, a saudade era certa.

O que eu quero te dizer, meu bem,
é que o mais importante já aconteceu.
Libertos de construções românticas torpes,
não é um jogo, ninguém sai perdendo nem vencedor,
Nós, no nosso canto, nos encantamos
e cantamos o amor.

Não me cobre mais falas,
nem implore por mais palavras.
Não me escondo de você,
eu me escondo em você:
Hoje, meu melhor esconderijo
é em seus braços.

Longe da Babilônia lá fora,
aqui no nosso universo,
minha prioridade é você
e o entrelaçar das nossas pernas,
orbitadas por desejo e afeto.








sexta-feira, 26 de julho de 2013

Caninha 29

29 razões para morrer
29 motivos para viver
29 lágrimas a cair
29 sorrisos a ressair

29 estados de atração
29 níveis de excitação
29 momentos de luxúria
29 secretos ataques de fúria

29 risos mentem alegria
29 olhos sobrecarregados de dor
Numa perfeita assimetria
Revelam um quase perfeito ator
E suas 29 personagens

29 poemas a escrever
29 mil coisas a desejar
29 viagens a fazer
29 e deixa estar!

29 é a resposta pro universo
a resposta desse mundo perverso
que no ódio e no egoísmo está imerso

E aí só me restam 29
maneiras para esquecer
para não enlouquecer
para seguir, deixar fluir
fingir que nada acontece
Mesmo tudo acontecendo.

29 obrigados a ler,
29 "obrigados" por ler.
- Obrigada. 
Embriagada.


terça-feira, 16 de julho de 2013

15.07.2013

Transformar
a dúvida em certeza
o medo em confiança
o receio em atitude
a experiência em esperança

Fazer
do seu corpo uma paisagem
discursos diplomáticos com bobagens
do seu riso meu tom perfeito
minhas canções com o teu jeito

Ter
de cada manhã o teu olhar
de cada noite o nosso prazer

Nada menos que nós dois
Nada mais que eu e você



quinta-feira, 20 de junho de 2013

Chega mais perto

Dos problemas, medos e receios:
Eu sei.
Mas eu tô aqui.
Por você.
Me deixa estar aqui com você.

Vem, se abre pra mim.
Deixa eu entrar
Eu juro que não reparo na bagunça
Isso tudo é tão excitante e perturbador
Confuso e encantador

Essas coisas não ajudam, eu sei.
E você nem quer isso.
Mas eu quero
te ter do meu lado
me saciando a vontade de você.


domingo, 26 de maio de 2013

Itinerário

Tendo medo de morrer,
deixando de viver.
Tendo medo de arriscar,
perdendo momentos únicos
e experiências incríveis
que talvez se tornariam as melhores
lembranças da sua vida.  

Quando caiu da bicicleta,
mas nem montou.
Quando se declarou pr'aquela menina,
mas não abriu a boca.
Quando fez aquela viagem com os amigos,
mas não saiu da rodoviária. 
Quando tinha uma vida,
mas não viveu. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Terceiro sexo.

Não gostava de homem.
Também não gostava de mulher.
Acreditava que binarismo não funcionava
em contextos profundos.
Entre o branco e o preto,
existiam infinitas escalas de cinza.

Se encantava pelas visões de mundo,
contrastando as convicções e incertezas.
Pela inteligência e pelo sarcasmo,
como um quadro de sensibilidade
com traços leves de frieza.

Gostava da sinceridade diante do mistério,
pronto a ser decifrado, pedindo pra ser devorado.
Da graça e da fúria, ambos cheios de volúpia.
Se interessava pelo jeito como se leva a vida
e como se lida com a morte.

Apreciava o jeito de sorrir
e o jeito como ela se perdia num olhar.
O trejeito ao se importar ou menosprezar.
Julgava as pessoas pela aparência
de dentro.

"Vazio agudo. Ando meio cheio de tudo."

Ela anda cheia desses namoros imaturos. Dessa gente imatura. Que só causa problemas imaturos. Com dramas imaturos.
Imaturidade que vem desses amores, falsos amores, amores vazios.

Ser vazio é um problema.
Todo mundo sendo falsamente feliz, falsamente apaixonado, falsamente triste. Todos falsos.
Você não sente o real. Também não sente o irreal.
Poderia transbordar de emoção ou de imaginação. Mas não. É vazio.

São tantas frases vazias vindo de pessoas vazias com sentimentos vazios e pensamentos mais vazios ainda.
Parece que ninguém ama alguém de verdade por amar a pessoa.
Ama porque tá na moda.
Ama porque tá todo mundo amando.
Ama pra ser, "vaziamente", amado.
Ama pra ter o que fazer.
Ama porque não consegue ficar sozinho.
Ama?
Como é amar sem sentir amor? Me diz.


Melhor, não me diz não.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Discordei, meu bem.

Caro Jeff,

Sem essa de amar pela metade. De não saber se gosta ou se não gosta.
E querer me fazer de brinquedo. De consolo.
Jogar pra escanteio quando estiver sendo feliz sem mim.
E me colocar num pedestal quando estiver se sentindo sozinho.
Sim, eu tenho sentimentos e sim, acreditei nos seus.
E não, não vou cair no seu joguinho.

Em várias coisas da vida, usamos o ''meio termo'', mas nessa não.
Ou é 8 ou é 80.
Ou está ou não está.
E não estamos.



Ela tem uma blindagem, um colete de proteção: um sorriso.

As pessoas sempre a vêem sorrindo e perguntam: Você não fica triste não?
Ah, é que vida é engraçada, gente. - ela fala.

Mentira, não é não.
A vida é cruel, é triste, é uma vadia. Daquelas te chupam mal, te cobram o dobro e espalha pra todo mundo que você tem pau pequeno. Por aí.
Você nem tem o domínio sobre seu destino.
Quem manda no mundo são os poderosos do dinheiro, da política, dos segredos. Raras as vezes que a gente realmente decide alguma coisa.
Mas tem gente assim, que vai levando pelo amor, pela alegria, pela arte. Fingindo não se importar com maldade alguma. Se preocupando só em repassar o bem.
Gente assim, cheia de esperanças, sonhos e gentilezas. O mal que gera o bem. O belo que vem do feio.
Gente assim, que chora, fica desesperado, se sente sozinho e se apega no amanhã. Dias melhores virão.
Gente assim que não deixa transparecer nada de ruim, mas isso não quer dizer que não sinta. Os risos são apenas disfarces pro sofrimento. O mundo já tá fodido demais pra se espalhar mais rancor, raiva, ódio, tristezas.
Gente que sabe exatamente das coisas da vida, ou não. Mas que mal há em rir?
Ela é assim: vai levando pelos sorrisos.




domingo, 28 de abril de 2013

Nem deus é por nós.

- Porque é muito fácil ter ideologias e princípios, falar da igualdade, da liberdade e dos direitos humanos politicamente corretos, quando se tem uma vida no mínimo confortável. Você não passa pelo que a gente passa, quando se está na merda ninguém fica do seu lado.
Enquanto você está aí vacinado e de banho tomado, nós estamos sozinhos, desamparados e esquecidos. Qual é o princípio disso? Já nascemos amaldiçoados?
Sabe, não tiro a razão desses meninos que acabam se metendo em atividades ilícitas, é o que a vida deu pra eles. Não tiveram boas oportunidades, muito pelo contrário, muitas portas foram fechadas e as necessidades básicas do ser humano lhes foram negadas. A educação e a saúde, por exemplo. O amor lhes foi tirado.
Quando se tem muito pouco ou quase nada, a prioridade é lutar pra sobreviver. Tudo nos é negado, não vivemos.  Idealizar uma causa, idealizar o mundo perfeito, idealizar a si mesmo e se encher de orgulho de ideias utópicas é a sua ocupação.
Não que eu seja contra o seu discurso nem é o caso de estar acomodado, pode acreditar: não somos acomodados com a miséria nem com o sofrimento. Não me leve a mal, mas nossas realidades são diferentes. É o nosso inferno, passando os dias à margem da sociedade, jogados pra debaixo do tapete. E esse seu paraíso, cá entre nós, é pura imaginação. Sonhar é essencial pra vida, eu sei, também imagino como as coisas seriam se tudo isso aí que você diz fosse um dia real. A gente tem que crer em alguma coisa pra não morrer de desgosto. Mas sonho, meu pobre amigo, não enche barriga.

sábado, 13 de abril de 2013

Deixa rolar, baby.

A morte é o impulso pra vida.
Não é uma opção.
Não é boa nem ruim, vai muito além disso.
Além: sentimentos, vontades, saudades, medos, escolhas, sacrifícios.
O fim está sempre perto,



Ela sabe que as pessoas ao seu redor vão morrer e teme.
Porque ela não sabe como é ter e perder alguém. Não é como viajar, ir morar do outro lado do mundo, tendo a possibilidade de se encontrar um dia, não é assim. Nunca mais você a verá, nunca mais irá contar suas besteiras, suas descobertas. Nunca mais vai brigar e abraçar. Nunca mais vai xingar e no momento seguinte dizer que ama. Nunca mais vai rir ou chorar junto. Junto; nunca mais. Nunca mais não é questão de tempo, é uma questão de sentir. É um sentimento tão pesado, tão grande e às vezes tão incômodo que não cabe nela nem em lugar nenhum. Não dá pra aguentar nem física nem psicologicamente. Ela simplesmente não sabe como lidar com isso. E tem muito medo. O que vai fazer depois? Ela não tem a mínima ideia.

Ela sabe que vai morrer e não teme.
Ela sabe também que é daí que vem o desejo de fazer algo marcante, satisfazer um desejo, realizar um sonho. Se fosse viver pra sempre, viveria adiando seus feitos (mais que o normal). Viver de diversões, trabalhos, encontros adiados é dizer: "- Ah, deixa a vida pra lá." E, felizmente, ela  sabe que só temos essa vida pra viver (até que se prove o contrário) e assim que nascemos começamos a morrer. Não podemos nos dar ao luxo de adiar a vida. E o que virá depois? Bem, ela não liga.



[...]
Só resta aceitar. Ou não.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Smartphone tem gosto de quê?


- Eu trabalho pra me sustentar, saúde não tenho, educação tá em falta, comida tá difícil, mas a eu vi na tv que o que preciso mesmo é daquele tal de iphone que tá na moda. E, bem, se ela disse deve ser importante mesmo; não sei pra quê, mas tá todo mundo comprando, menina. Moro numa ruazinha que nem calçada tem. Minha casa fica num local de risco, assim disseram os bombeiros, quando chove é de dá medo... Já pensou se alaga tudo e leva minha televisão de plasma ultra mega moderna (que tô pagando em 36 vezes sem juros no cartão) na correnteza?

O preço do tomate subiu. O da banana também. Farinha agora é 8 reais. "Foi-se o tempo que pirão era comida de pobre". Em contrapartida, o preço do smartphone caiu. E esses outros aparelhos eletrônicos estão com desconto.

Não é porque as propagandas dizem que é "essencial" para a vida no séc 21, que eu tenho que comprar esse Ipad. Sabe, eu não preciso ficar cheia de dívidas porque alguém disse que é importante ter o carro do ano ou o celular do ano ou a televisão do ano. Enquanto nosso prato de comida fica cada vez mais pobre, os bolsos ''deles'' ficam cada vez mais pesados. Só porque você não quer se sentir ultrapassado e fora de moda.
Porra, que tecnologia é essa que só nos faz retroceder? Sabe, a fome não é moda, a pobreza também não. O verdadeiro produto é você, que se deixa levar por um anúncio qualquer, e é explorado, extorquido e assassinado. Você que aceita as condições que ''eles'' impõem e se mantém calado se divertindo com o novo brinquedinho. Você que reclama mas não tira a bunda do sofá nem os olhos da tv. Agora me diga, quando a grana não der pra ter uma casa ou ir ao médico, quando o dinheiro faltar pra comida, pra fazer a feira, você vai comer celular?

terça-feira, 2 de abril de 2013

Preciso de açúcar.

Essa minha mania de boba de me apaixonar por um olhar, por um abraço debaixo da chuva.
Essa minha mania boba de achar que você se apaixonou por um elogio, por uma conversa qualquer.
Essa mania de te despir mentalmente enquanto tenta me convencer que as fatalidades do mundo são necessárias.
Essa mania de achar graça no que não concordo. E quase gozar com isso. Só com você.
É, essa mania boba de te devorar com olhos e ao mesmo tempo fugir dos seus. Famintos e diretos.
Essa mania boba de me preocupar sem nem mesmo te conhecer.



Você não pode com isso.
E eu? Ainda vou morrer de amor.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Essa noite vai dormir feliz.

 Os filhos dele que pouco se importavam quanto a sua existência. A mãe, coitada, já velhinha, não aguentava mais aquele filho beberrão. Só gritava, por nada e com todos ao redor e serventia nenhuma tinha no mundo. Claro que nada disso é motivo para se assassinar alguém. O motivo ou os motivos só ela sabia e não falara com ninguém. Pra quê? Nenhuma pobre alma dessa terra entenderia seu melancólico lado psicopata.

Ela queria paz, todo aquele estresse de sua jovem vida, os xingamentos, os gritos, a exploração. Ninguém havia ficado do seu lado em momento algum. Então ela guardou dentro de si, por todos aqueles anos. Aquilo deixava sua mente moída. Passava pelas suas veias como um veneno que arde, que queima, que suga qualquer coisa de belo. Família de sangue não significava muita coisa. E nada foi em vão. Podia chorar, podia gritar, podia brigar. Mas não. Ela o matou. Fria e calculista. De 30 maneiras diferentes, talvez mais até. Não sentiu dó. Não sentiu pena em nenhuma das 30 vezes. Na verdade, quanto mais fazia, mais queria. Planejou todos os seus passos. E nada deu errado.

O dopou e o amarrou na cama, esperou acordar e rindo da cara dele, enfiou a enorme faca no peito, na barriga, no único rim que lhe restara e em todo o resto. Girava a faca bem devagarinho, ele contorcia de dor e gemia e ela gozava daquilo, era extasiante. Cortou a língua dele que tanto tirava a sua paz. Riu. Riu muito. E gritou todas as verdades na cara dele.
era um inútil repugnante afinal. HAHAHA-
e enfim uma facada no olho, atravessando seu crânio. O golpe final.

Na verdade, já tinha o matado antes, envenenando sua comida. E com algumas gotas em seu café daquele remédio pra subir a pressão. mas ele já tinha pressão alta. Outra vez, entrou em sua casa, dando uma surra e o matado a pauladas; e a tiros à queima roupa. Já tinha o esquartejado e dado pra porcos e urubus comerem. - Pobres animais.-
 Já o atropelou, passou por cima da cabeça 5 vezes - Só pra garantir -
Fervera água, mal conseguia segurar os vasos, mesmo com as luvas, de tão quentes que estavam, e jogou em seu corpo totalmente despido. Dava pra ouvir os gritos a quarteirões de distância. Aquilo tudo era muito divertido pra ela.

E todas as outras maneiras também. Divertidíssimas. Não foram poucas. Merecia mais.
- Aqui jaz. HAHAHAHA -

E no meio dessa euforia de sangue jorrando, de verdades sendo ditas, de órgãos arrancados, de dentes quebrados, de ossos expostos, ela só não entendia uma coisa: Por que toda vez que ela voltava pra casa, ele continuava ali, atormentando sua vida?

segunda-feira, 4 de março de 2013

"Quer subir?" Por amor ou besteira foi que ela disse pra mim.

Uma foda.
Deitados na cama.
Suados, inseguros, saciados.
Jogar a conversa fora.
Lembranças da infância.
Quando ela achava que podia voar,
caiu e quebrou o queixo.
Sempre detestou não ter asas.
Quando ele só queria acompanhar o primo
e se perdeu no próprio bairro,
até a polícia apareceu.  
A primeira vez que ficou bêbada.
A primeira vez que ficou chapado.
As primeiras vezes.
E quando ela pescou um baiacu?
Risos.
Uma música daquela banda foda tocando no pc.
Um jogo de poker.
Um papo-cabeça.
O socialismo, o capitalismo, o ateísmo,
o casamento gay, The Beatles vs Rolling Stones...
Os planos, os desejos.
Fundar uma escola.
Abrir um empresa.
Montar uma guerrilha.
Mudar o mundo.
Uma, duas, três doses de vodca.
Contar piadas, falar besteiras.
Rir, rir muito.
Tomar sorvete.
Ir na praia.
Andar de Bicicleta.
Puxar um, fazer a cabeça.
Brisar e gastar.
Olhares excitados.
Gestos cúmplices.
Outra foda.

Eu sou

Meu querer.
Quero tudo que me cabe
E que me transborde.
Sou uma eterna apaixonada
Por qualquer um
Ou qualquer vários
Ou nenhum qualquer
E até qualquer eu.
Sou uma constante necessidade
Do muito, do bastante.
De sensações e de emoções
Pulsantes.
Uma urgência intensa de tudo,
inclusive do nada.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

"3 notas"

- Você acaba percebendo que ama certas pessoas só de passar meia hora com elas;
- Muitas pessoas são passageiras. Isso não significa que foi vão. Não significa obrigatoriamente que são desnecessárias e/ou descartáveis;
- É estranho: quando você gosta mas não sabe se deve continuar. Se sim, corre o risco de dar com o nariz na porta, com o choro preso na garganta, com mais uma frustração nessa quase nada vida. Se não, vai ter a impressão de que perdeu o que poderia se tornar uma das melhores coisas do mundo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Paixão

"Palavra inventada para um suicídio cometido à dois."
_____________

Quando você deixa de querer ser seu para ser do outro, com o outro, pelo outro: 
Dependência ou morte!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"Talvez"

"A pessoa gosta de quem a interessa, de quem ela quer. Sem essa coisa de alma gêmea, destino e príncipe encantado. Como se as coisas dependessem somente de cada um." - Era assim em sua cabeça.

Até que você apareceu. Tanta coisa em comum, ao menos na cabeça dela. Não poderia ser mera coincidência. Não na cabeça dela. Era aquilo de estar no lugar certo, na hora certa e encontrar a pessoa certa. "Mas não existe pessoa certa, lembra?" - Mas era a certa, com certeza. E ela se empolgava, se entusiasmava, morria de medo só de pensar em você. E gaguejava e tremia e... aquele frio na barriga.
Estava encantada. Seduzida. Submissa. Perdida. E ciente disso, apaixonada por isso e assustada com isso.

- Era o jeito meio calado, meio extrovertido.
- Não, eram as ideias e os ideias parecidos.
- Não, era o sarcasmo, a ironia. 
- Não, era o desejo e o orgulho. A vergonha e o desejo.
Era perfeito.

Se ele sabia? Se queria? Se sentia o mesmo? Se ia durar? Se existia mesmo "algo" pra durar?" Talvez. Tanto faz ...podia ser pouco, simples e ótimo. Não precisava ser grande, não precisava ser eterno, ela nem queria isso.
Era como uma novidade pra ela, uma droga nova esperando pra ser experimentada. Se o efeito seria rápido? Ela não tava ligando pra isso. Ela queria degustar, mastigar, chupar, engolir, apertar, cheirar, tomar, injetar, foder e sentir. É, sentir. Até ter uma overdose.


“Cara, você não podia existir: é igualzinho a mim! Isso me enoja, sério. Não vai dar certo. Mas eu quero, eu preciso. Acho que já te amo... Isso é um absurdo! Será? Talvez.” - ao menos na cabeça dela.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A bela e a fera




E a fera fitou a face da beleza. 
E a beleza acalmou a fera.
E a partir desse dia a fera perdeu sua imortalidade. 


King Kong (filme)

Bonito, né? Mas né meu não...

"Moça,
meu único problema é querer bem
Sei tão bem a arte de gostar que às vezes desaprendo a arte do querer. 
Se pareço reticente é porque as cicatrizes do ontem secaram por fora, mas ardem por dentro. 
Não tenho medo de enfrentar o vazio da tua alma, as veredas do teu coração, não. 
Mas eu me conheço: sou desastrado. 
Posso quebrar, sem querer, um jarro bonito na sala de estar do teu peito. 
Me afasto sem querer e quando vejo já estou em alto mar. 

Entenda moça, 
embora faça da solidão uma confidente diária,
 sempre estive disposto a encarar teu oposto."


(Possidônio)