segunda-feira, 21 de julho de 2014

Segundo o historiador Vaclav Smil

Antes, usávamos o mesmo aparelho telefônico por 20 anos. Agora temos um novo a cada seis meses. Jogamos fora bilhões de equipamentos todos os anos. E isso não faz sentido algum. Para tornar as coisas mais sustentáveis, precisamos ser mais radicais e reformular a forma como consumimos. 

Algumas pessoas consomem muito e ainda há muito desperdício. Ninguém precisa comer um bife de 100 gramas todos os dias. Assim como ninguém precisa ser vegetariano. Podemos comer menos e diversificar a alimentação.

Em algum momento, os recursos vão ficar mais caros, as questões ambientais complicarão a situação e possivelmente teremos novas crises econômicas. A maioria dos países tem altos níveis de consumo de água. Isso fará com que esse recurso fique mais caro no futuro, assim como já é no Oriente Médio.

Todo país quer e precisa crescer. Mas nenhuma nação quer crescer 1% ou 2%. A meta chinesa tem dois dígitos. E, para conseguir isso, a maioria das economias se pauta pelo consumo. Nesse sentido, a eficiência e a inovação tecnológica na verdade acabam fazendo parte do problema no momento em que criam novas necessidades. 

Não é uma questão de buscar o desenvolvimento humano. É uma questão de ser o primeiro animal na cadeia. Ainda há milhões de chineses pobres, enquanto uma fatia da população vive melhor do que americanos ricos.

É a única saída que temos. Precisamos de um sistema em que a busca é pela qualidade de vida, não pelo crescimento econômico.


Esqueça a noção de país. Hoje tudo é global. Se eu quiser comprar um avião grande, existem apenas duas empresas — Airbus e Boeing. Se for pequeno, também só duas — Embraer e Bombardier. Pensar em ações locais é coisa do século passado.

O desenvolvimento atual tem como base a lógica global. Se você pensar em máquinas de colheita, existem pouquíssimas empresas. Esses oligopólios comandam o mundo e são eles que podem fazer a diferença. 

O consumo é uma ferramenta para mostrar que estamos à frente socialmente. Quando saio de casa com meu Honda velho e meu vizinho está com sua Mercedes-Benz nova, ele olha para mim com ar de superioridade. Somos animais buscando uma gradação social. É isso.

As pessoas seguem comprando brinquedos a vida toda para mostrar superioridade. É o carro maior, a casa maior, milhões de aparelhos eletrônicos. Para quê?