quarta-feira, 8 de abril de 2020

Afluentes

floresta de pelos
no travesseiro
colchão encardido

cílios flutuam
são polens
na manhã sem janela

pentelhos vagueiam
são fiapos
na procissão das formigas

(pausa doméstica)

ando farta
de comer o mundo
tenho festas
na esquina do silêncio
faço cestas

tranço fios de esquecimento


andas farto
de sorver os desencontros
cambaleias
na viela do receio
trazes mate

fazes combustão da dor


varar (n)a madrugada:
existir é rota de colisão

+Daniela Galdino