quinta-feira, 21 de julho de 2016

como já dizia vinicius de moraes: bateu a bad

não dou o mesmo valor às coisas que as pessoas dão.

talvez elas se importem demais
talvez eu me importe de menos
e isso me deixa constantemente aflita
porque mesmo que elas se importem demais
ou que eu me importe de menos
não gosto de ferir ninguém que não mereça
com a minha indiferença ou dureza
das palavras e dos gestos
mesmo que isso ocorra com frequência.
quando me cobram coisas que não posso e não consigo,
eu não faço
mas a maioria das pessoas não entendem
elas não pensam que eu possa estar
tão doloridas quanto elas ao recusar.
elas me acham egoístas.

talvez eu me importe demais
ou elas se importem de menos
a ponto de não perceberem 
que o que elas exigem de mim pesa e dói 
talvez por me importar demais
e elas se importarem de menos
eu não as culpo e
acabo ferindo a mim a mesma 
quando não falo o que deveria, 
quando não ajo como deveria
e depois eu fico cansada, angustiada
e sumo, enquanto o outro fica
e continuamos cada um do seu lado, 
mutilados. 
porque dizer não às vezes é tão difícil? 
porque é mais fácil deixar acontecer
mesmo que isso acabe com minha sanidade?
o que eu queria de verdade era que todas estivessem felizes
mas elas não sabem disso
e esperam demais algo que não irei fazer
eu as acho egoístas. 

não é natural estarmos assim
perdidos. 

eu não entendo porque os meus pensamentos tendem a ser tristes
eu não entendo porque me sinto mais confortável em desgraça
eu não entendo porque sempre espero o pior
eu não entendo o porquê desse choro preso
eu não entendo porque as lágrimas chegam aos meus olhos mas não consigo chorar
eu não entendo porque me recuso a demonstrar
eu não entendo porque gosto tanto desse blues melancólico

eu só queria entender. 

a tristeza já e tão íntima
que até encontro prazer nela
algo como uma amante.
mas às vezes é tanta
que acho que não vou aguentar
normalmente dá pra fugir
mas ocasionalmente ela consegue me alcançar
e  não deixa barato 
até que tudo passa.
e acontece outra vez.