segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Lágrimas Negras

ovelha negra a ser livre condenada à dor, violenta e violentada pelas mentes condicionadas a impor e espalhar o horror sarro com o meu gênero escárnio com a minha cor com o pigarro do meu cigarro escarro o seu pudor a lágrima escorre e transborda meu copo cheio de convicções vazias cheio de crenças tortuosas meu corpo inunda em melancolia afundado em desprezos infundados com doses amargas de tristeza transformo cada agonia com leveza em minha defesa, extravaso mais que vícios e resquícios não sou náufrago; do outro lado do precipício sou mar, imensidão em solitude me vejo maior me renovo de sal, de sol, sem dó buscando expansão contemplo a raiz tradição de cada canto, poesia, pranto de Carolinas, Ruths e Clementinas me encontro e me encanto à dureza dessa sina por Dandaras, Marielles, Marias Felipas guerreiras que lutaram de peito aberto o horizonte distante a todo instante navega cada vez mais perto por isso mesmo exaustada, nadarei correnteza adentro afogarei que nem maré alta quem abalar meu epicentro