avião cortando o céu
azul cortado por cabos
congestionando a vista
malquista pelo fel
conectados ao ideal
de imagem, apelo
à ditadura da normalidade
tamanha atrocidade
ignorando o real
individual crueldade
apego ao cifrão e
vivendo futilidade
livres em gaiolas
o meio atola, no jornal
sangue como banal
Neymar passa a bola
hipnotizados com maestria
sem conhecimento, idolatria
desvalia na programação
aliciação
capital manda Estado
tchutchuca obedece,
o príncipe, a política
a arte da mentira
incompreendida
a verdade sólida
com liquidez alta
torne-se mórbida
hilária, insana
no riso de uma criança
deus sorriu pra mim
já sem esperanças
o livre arbítrio
aprisionado por genocidas
exploradores de pecado
sujeito ao fracasso social
na corrupção, fartura
acima da constituição
armas letais, revoltas frugais
amargura nas ruas
na ruas, a vida crua
cria novos espécimes
animais ilegais
de heróis marginais
ocupar o existir,
resistir o ser
propor um novo seguir
destruir para construir
ainda que fadada ao fim
minha trama, é chama
não será farsa,
inflama
queima ou irradia
ideologia anarquista,
utopia hoje, amanhã
é quem sabe um dia
assim, tão inalcançável
reflito sobre a felicidade
mas não há veracidade,
somente vontade
não me sinto muito bem
à vontade, parece imundo
um mundo tão desigual...
bem vinda ao pesadelo da realidade.