segunda-feira, 10 de junho de 2019

bem vinda ao pesadelo da realidade.

avião cortando o céu 
azul cortado por cabos 
congestionando a vista 
malquista pelo fel 

conectados ao ideal
de imagem, apelo
à ditadura da normalidade
tamanha atrocidade

ignorando o real
individual crueldade
apego ao cifrão e
vivendo futilidade

livres em gaiolas
o meio atola, no jornal
sangue como banal
Neymar passa a bola

hipnotizados com maestria
sem conhecimento, idolatria
desvalia na programação
aliciação

capital manda Estado
tchutchuca obedece,
o príncipe, a política
a arte da mentira

incompreendida
a verdade sólida
com liquidez alta 
torne-se mórbida

hilária, insana
no riso de uma criança
deus sorriu pra mim
já sem esperanças

o livre arbítrio
aprisionado por genocidas
exploradores de pecado
sujeito ao fracasso social

na corrupção, fartura
acima da constituição
armas letais, revoltas frugais
amargura nas ruas

na ruas, a vida crua
cria novos espécimes
animais ilegais
de heróis marginais

ocupar o existir,
resistir o ser
propor um novo seguir
destruir para construir

ainda que fadada ao fim
minha trama, é chama
não será farsa,
inflama

queima ou irradia
ideologia anarquista,
utopia hoje, amanhã
é quem sabe um dia

assim, tão inalcançável
reflito sobre a felicidade
mas não há veracidade,
somente vontade

não me sinto muito bem
à vontade, parece imundo
um mundo tão desigual...
bem vinda ao pesadelo da realidade.