terça-feira, 11 de julho de 2017

escombros #1

tenho que tomar cuidado
com a rua, o perigo,
assaltantes e coisa pior;

mas enquanto caminho,
namoro a lua, não penso nisso
e sigo só.

vou contra o que recomendou
minha mãe, alertou minha amiga
e teme minha vó.

a cidade atola em lama, sangue,
sérios traumas, vários dramas
e desamor.

congestionada e poluída,
empoeirada e fedida,
a indiferença é o pior.

tanto esforço é só um esboço
da escravidão sistêmica,
alienação epidêmica ao meu redor.

a solidão do mundo sólida em mim,
angústia sem nome nem fim,
minha cabeça dá um nó.

mas no entusiasmo do meu choro,
e assim como as estrelas,
é do caos que nasce o meu melhor.

minha bravura eu não grito,
meu riso é esconderijo,
sinto que faço parte de algo maior.

e se não for nada disso,
se a superestrutura pequena for,
ninguém a recorrer, nada posso fazer...
é de dar dó.

mudo e transmudo em silêncio
amadurecimento é merecimento,
mas consciência importa a quem
se tudo vira pó?