tenho que tomar cuidado
com a rua, o perigo,
assaltantes e coisa pior;
mas enquanto caminho,
namoro a lua, não penso nisso
e sigo só.
vou contra o que recomendou
minha mãe, alertou minha amiga
e teme minha vó.
a cidade atola em lama, sangue,
sérios traumas, vários dramas
e desamor.
congestionada e poluída,
empoeirada e fedida,
a indiferença é o pior.
tanto esforço é só um esboço
da escravidão sistêmica,
alienação epidêmica ao meu redor.
a solidão do mundo sólida em mim,
angústia sem nome nem fim,
minha cabeça dá um nó.
mas no entusiasmo do meu choro,
e assim como as estrelas,
é do caos que nasce o meu melhor.
minha bravura eu não grito,
meu riso é esconderijo,
sinto que faço parte de algo maior.
e se não for nada disso,
se a superestrutura pequena for,
ninguém a recorrer, nada posso fazer...
é de dar dó.
mudo e transmudo em silêncio
amadurecimento é merecimento,
mas consciência importa a quem
se tudo vira pó?