sábado, 8 de julho de 2017

nós por nós

se não há vagas suficientes e bem longe disso, há todo um estresse de milhões de brasileiros que se inscrevem, estudam e se boicotam para conseguir a porra de uma vaga, a universidade não foi feita pro povo. 

se os muitos com uma posição social e financeira privilegiada passam nos melhores cursos facilmente, em contrapartida aos poucos esforçados que conseguem passar pelas cotas sociais/raciais e sofrem com o preconceito e a falta de políticas de permanência, a universidade não foi feita pro povo.

se, buscando na história, sabemos que a maioria dessas instituições foram fundadas para propagar valores político-ideológicos de uma elite que lucra em desigualdade, a universidade não foi feita pro povo. 

se na sociedade há tanta necessidade de bons profissionais e serviços de qualidade complementando a multidão de diplomados desempregados, a universidade não foi feita pro povo.

se no mesmo bairro, duas realidades completamente diferentes se contrastam: uma das melhores universidades do país rodeada por uma periferia que agoniza em pobreza e ignorância, a universidade não foi feita pro povo. 

se diante do caos político e social, os reitores sequer dialogam satisfatoriamente com seus docentes e discentes, muito menos se posicionam favoravelmente às lutas dessas classes, a universidade não foi feita pro povo.


se nós, conscientes da realidade que nos cerca, sem o apoio das autoridades responsáveis e cientes de que fracasso é o resultado mais provável, não estivermos decididos por nós mesmos a usar nosso conhecimento para agregar algo positivo na comunidade, usando nossos próprios recursos, tempo e disposição, a universidade nunca será para feita pro povo.