
se os muitos com uma posição social e financeira privilegiada passam nos melhores cursos facilmente, em contrapartida aos poucos esforçados que conseguem passar pelas cotas sociais/raciais e sofrem com o preconceito e a falta de políticas de permanência, a universidade não foi feita pro povo.
se, buscando na história, sabemos que a maioria dessas instituições foram fundadas para propagar valores político-ideológicos de uma elite que lucra em desigualdade, a universidade não foi feita pro povo.
se na sociedade há tanta necessidade de bons profissionais e serviços de qualidade complementando a multidão de diplomados desempregados, a universidade não foi feita pro povo.
se no mesmo bairro, duas realidades completamente diferentes se contrastam: uma das melhores universidades do país rodeada por uma periferia que agoniza em pobreza e ignorância, a universidade não foi feita pro povo.
se diante do caos político e social, os reitores sequer dialogam satisfatoriamente com seus docentes e discentes, muito menos se posicionam favoravelmente às lutas dessas classes, a universidade não foi feita pro povo.
se nós, conscientes da realidade que nos cerca, sem o apoio das autoridades responsáveis e cientes de que fracasso é o resultado mais provável, não estivermos decididos por nós mesmos a usar nosso conhecimento para agregar algo positivo na comunidade, usando nossos próprios recursos, tempo e disposição, a universidade nunca será para feita pro povo.