quinta-feira, 27 de agosto de 2020

3 500 km/h

imagino uma paisagem qualquer
- dizem que - bela, mas sobretudo, calma
há árvores que brilham sob a luz do sol
há uma brisa que fazem suas folhas dançarem
ao som do vento escuto amenidades
gostaria de viver isenta pela eternidade
o céu azul claro com poucas nuvens
o dia claro e apesar disso faz frio,
gosto de dias assim, me sinto bem

e sinto um vazio...

de repente, como uma bala perdida
imagens atravessam minha mente
autoridades máximas do meu país
brancos bebem seus copos de leite
pretos sucumbem em seus corpos inertes
como alvos ou massa de manobra no front
guerras repetidas, palavras pertinentes
histórias cruéis de sofrimentos vãos
pelo bem maior do ego, podres poderes

e eu com isso?

é que não consigo ser omissa
é que não me misturo com covardes
que de longe acenam e fingem não ver,
que de perto encenam seu ouro de tolo
tento não me envolver, mas sempre me sujo
sangro o mesmo sangue, me dói a mesma dor
sei que não é fácil, me inspira à coragem
eis a verdade que é minha e a protejo.
e assim mudo rapidamente de desejo,

insubmisso.