quinta-feira, 27 de agosto de 2020

expressionista invendável

me disseram artista,
poeta revoltada,
incomodada às injustiças.
para a desordem relativística,
ofereço insubordinação lírica.

mas de conceitos sempre fugi,
pois sendo grande, não vou
apequenar para me definir
e sendo insuficiente,
não me cabe persuadir.

inerente ao meu ser
- que vê e ainda não crê -
sobem à superfície espectros
do que sou e do que quero.
me ponho a escrever

nobres sentimentos
em pobres métricas.
desinteressada em vender ética
para suprir demandas estéticas,
sigo estéril e indigesta.

arte como expressão:
não há mercado
nem público-alvo,
fragmentos de sucesso
ou fracasso são todos vãos.