sábado, 3 de junho de 2017

Fauzi Arap em "Eu vou te contar que você não me conhece...

E eu tenho que gritar isso 
porque você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza à você...
Ao fim de tudo você permanece comigo, 
mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira 
um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome, eu tenho.
Você é um rosto na multidão 
e eu sou o centro das atenções, 
mas a mentira da aparência do que eu sou
é a mentira da aparência do que você é.
Por que eu, eu não sou o meu nome
e você não é ninguém.
O jogo perigoso que eu pratico aqui, 
ele busca chegar ao limite possível 
de aproximação.
Através da aceitação da distância 
e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia 
que nos separa...
Eu quero que você me veja nua, 
eu me dispo da notícia.
E a minha nudez parada, 
te denuncia e te espelha.
Eu me relato, tu me delatas...
Eu nos acuso, e confesso por nós.
Assim, me livro das palavras,
Com as quais você me veste."

trecho do Pássaro da Manhã