domingo, 4 de junho de 2017

"mas as coisas findas, muito mais que lindas. essas ficarão"

foi algo indescritível o qual me permito descrever. a paisagem. uma tela, uma imagem. estávamos na praia. em cima, o céu azul, nem escuro, nem claro, azul. e a lua já brilhava, crescente, às quatro da tarde. uma nuvem gigante que refletindo o sol, era a tela branca perfeita para o arco-íris que se formava e informava que a chuva estava a caminho. seguida por uma fila de nuvens igualmente carregadas. luz quente, vento frio. embaixo tudo cinza, talvez azul escuro desfocado, algo assim como cinza. a precipitação já havia sido avistada, não seria precipitado, então, sairmos dali.

queria eu poder guardar pra sempre certos momentos. não por captação de imagem apenas. mas reunir novamente todos os elementos que ali estiveram presentes. a brisa, a sina, a lombra. a sombra, palavras amigas, as ondas. preocupações, conspirações, emoções. planos, pássaros e tudo mais que não me cabe pontuar.

talvez o valor dessas situações seja justamente não poder vivenciá-las plenamente novamente. aqui, com um café quente, rebatendo o doce, aprecio o amargo das incertezas e saudades. revivendo infinitas vezes aquela imagem e sentindo a mesma paz que senti, ainda que amarga: um sabor excepcional. será que sempre a sentirei, mesmo quando essa lembrança vívida for apenas uma imprecisão distante?

estar em meio a natureza, próxima ao mar principalmente, realmente me eleva a um nível de tranquilidade rara de sentir e de pensar. se não mais me lembrarei desse quadro, ainda assim terei os frutos e resultados desse meu atual estado.

essas palavras são um exemplo de fruto disso. nada pode ser isoladamente, tudo está inserido em algo. contextualizado. tudo é causa e efeito de tudo. uma trama. é feito de tudo as profundidades do nada. melodrama.