sábado, 2 de setembro de 2017

fb.com/poetainverso - Jão Paulo Costa Souza

# Amendoeira
a amendoeira marota
balança, balança
em passos verdes
no salão do vento
que bela dança
envolta pela brisa
que cheira à maresia
brisa úmida,
morna, macia
amendoeira verdejante
dê-me sua sombra
ao meio dia
dê-me seu tronco
onde quero me encostar
e assoviar aquela música
enquanto admiro o mar

# Hiato
Por não ter
Sou grato
Mas, espero
Que na gratidão
Dos meus atos
O meu desejo
Seja de fato
Considerado
E que desvie a minha vontade de viver outra vida, 
fazer o que eu realmente amo, 
o que eu realmente quero fazer, 
desde que entrei nesse hiato
Preciso sentir o cheiro
Que exala dentro do mato
Aroma suave que vive,
Acaricia o meu olfato
E me faz sentir livre

#26
vira flor todo dia
se veste bonita
e vira flor
sapato amarelo e branco
de margarida
frascos de tinta
e se enfeita
se perfuma toda
se pinta
desenha na pele
insiste, se fere
e acredita
queria que ela soubesse
que enquanto tenta virar flor
por fora, assim
o que eu vejo nela
por dentro
é um belíssimo jardim

#4
refletida no espelho
Daqui te vejo
tão forte
O meu desejo
não quero
Só um beijo
na mente
Te despejo
não quero
Ser seu dono
me inspira
O abandono
e me deixa
Sem sono
se lhe tenho
Lhe como
mas, não tenho
Então, sonho.

#1
A madrugada é fria
Frios são meus sentimentos
A noite é calma
Calma como meus pensamentos
Pros vivos, a alvorada
Pros desesperados, a madrugada
Não quero mais
Nem por um momento
Expor os desajustes
Que tenho por dentro
Minhas palavras são como vísceras
Se expostas, são nauseantes
Pedaços repugnantes
De uma mente inconstante
Sobre pernas errantes
Prefiro que apodreçam
Aqui por dentro
E, como carcaças sobre a terra,
Desapareçam com o tempo