segunda-feira, 6 de novembro de 2017

diário de volta: relações humanas

19h: Apresentação do trabalho e está tudo muito desorganizado, sei que posso ser uma boa líder pelo conhecimento adquirido e a criatividade prática, mas falta-me tato para com os outros colegas. Deixo que eles façam, pois não confiam em mim, e sempre o resultado é medíocre, deixo que eles sigam desconfiando e se decepcionando. Mas não consigo ter vontade em mudar isso, gosto de ser distante, minha impaciência pode ser agressiva e talvez, por isso, covarde.

20h: À espera de um desencontro, que seria um encontro mas eu já sabia que não ia acontecer. É só observar os pequenos detalhes - havia pensado nisso mais cedo - são tão esclarecedores que chego a comparar como uma mediunidade quase vidente. Na prática é só observar os padrões que se chegará às conclusões. Relacionamentos honestos são raros e é neles que cresço e me entrego. Relacionamentos superficiais ou indigestos só me satisfazem o ego, não nego, mas não quero. Tantos desencontros. Em quem posso confiar? Com quem devo me perder pro que podemos encontrar?

21h30: Estou numa roda de amigos e tenho que ir embora, os cumprimento de longe, nada muito próximo ou afetivo, o que é estranho, acho, mas não me importo apesar de ficar com uma pulga atrás da orelha se eles se ofenderam ou não. Desejo um boa noite apenas, simples e verdadeiro, assim como minha relação com eles, simples e verdadeira, espero que eles entendam e gostem. Eu gosto.

22h10: Subindo a ladeira, um desconhecido vizinho me repreende por nunca ter conversado, pede meu número e sinto um ar superior vindo dele, ignoro. Mais a frente na rua, outro vizinho desconhecido diz que me ama e quer uma chance, esboço uma cara confusa. Me pergunto que tipo de bosta esses caras tem no lugar do cérebro. Me pergunto se devo temer. Será que eles esperam realmente que uma mina se interesse por essa conversinha? Será que tenho que passar a andar com um canivete? Quanto custa um soco inglês?

0h: Agora aqui, percebo a complexidade da coisa toda. A individualidade que criei e influenciada pelo meio em que vivo junto a tantas outras individualidades. Principalmente essa análise que faço de mim mesma e como isso é angustiante - reconhecer minhas disformidades e imperfeição do mundo - e encantador ao passo que me conheço e busco uma melhora e solução. Evolução é o meu conceito-salvação.