sábado, 4 de novembro de 2017

Novos Poetas da Região Cacaueira (1982)

parte I

Venho buscar a justiça
Acender uma tocha
Tirar dos meus versos a certeza
concreta, humana e
sem mentiras
do que resta. 
 
É de sangue e coração
esta denúncia sem sol nem glórias
e tão apaixonada. 
É de incertezas e lágrimas
a estrada desses que falam de amor
e caminham sozinhos. 
É triste e amaldiçoada
a morte dos poetas que caem,
tombados. 
É infinita, secular e certa
a ressurreição dos fortes
numa cerimônia democrática.
[Antônio Júnior - Itabuna]

MOMENTO 
Busquei um lugar de paz
construído na crença do HOMEM,
preservando assim o sonho dos iniciantes
que possuem olhos utópicos.

Falhei!

O HOMEM não persiste na luta,
o lugar de paz não existe,
o sonho foi a única realidade aprendida: é UTOPIA.
E eu permaneço como sempre: só!

INDAGAÇÃO
Por que não me avisaram que os homens partiram?
Por que não me disseram que a partida é exigência primordial do viajar?
Por que não me contaram que os homens morreram?
Por que não me acordaram para ver a barca naufragar?

Por que?
Por que não?

Por que não me amaram?
Por que vieram me dizer que o meu trem de ilusões partiu?
Por que vieram em contar que meu carrossel de lembranças quebrou?
Por que me disseram que minha infância morreu?
Por que me explicaram que minha adolescência cresceu? 
Por que me ensinaram que a saudade é coisa do passado?
Por que me vaiaram quando eu perguntei pelo Amor?
Por que me crucificaram quando eu preguei a Amizade?
Por que me cuspiram quando eu lhe chamei de Amigo?
Por que correram quando eu abri os braços em abraços?
Por que fecharam portar quando eu perguntei por Caridade?
Por que taparam os ouvidos quando eu falei em Solidariedade?

Por que?
Por que gritaram num coro Realidade?

[Ana Virginia Santiago - Ilhéus]