Uma vez quiseram me louca, a arder
e eu ardi com uma discrição
de um fogo posto
porque a cura vai na mesma direção
que a nossa febre
Ateei-me como um relâmpago inesperado
à luz do dia
Eu parecia uma basílica em chamas
de altar por estrear, a arder sozinha
Sempre me recusei a arder como os outros
Ardam-se mais à esquerda ou mais à direita
mais ao vento de sul ou de norte
mas labaredem-se, sejam fogos que ardem!
Porque pior que desdita loucura
é toda gente andar em brasa
mas ninguém chegar a incêndio
E no fim são todos cinza.
Cláudia R. Sampaio